Política & Design Social: Construindo uma Sociedade Melhor | Politics & Social Design: Building a Better Society

in #pt6 years ago (edited)

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English Version Below – Roll Down to ENG


PT

Qual pessoa do planeta não deseja viver num mundo melhor? Num mundo mais justo? Numa sociedade melhor em todos os sentidos? Creio que todos, sem exceção, querem isto, no entanto, as opiniões e visões de como chegar neste objetivo são as mais diversas e nebulosas.

Se considerarmos a noções e visões políticas, entramos numa guerra de ideologias que parecem cada vez mais se afastarem das medidas e soluções práticas para melhorar o nosso mundo.

Por isso, pretendo abordar neste texto noções práticas e básicas de como melhorar a nossa sociedade. Muito se fala hoje em dia de “liberdade” e de “livre iniciativa”, “liberdade e igualdade de oportunidades”. O que significa ser realmente livre? Ser livre seria ter tempo livre? Ser livre deveria depender de algo externo a própria pessoa? Hoje em dia uma pessoa sem dinheiro, que não tenha uma renda suficiente, pode ser considerada livre? Neste contexto, creio que chegamos a um ponto chave desta liberdade. Enquanto o ser humano e o indivíduo humano forem dependentes de forças e influências externas para serem livres, tal liberdade não passará de uma mera ilusão.

Então, para antes de pensarmos nesta liberdade do ser, precisamos abordar a autossuficiência e autonomia do ser. E se queremos maximizar os resultados disto, precisamos projetar e construir sociedades tendo isso em conta. O que significa ser autossuficiente? Significa, ser capaz de se auto sustentar nas coisas básicas, de forma independente: produzir o próprio alimento, a própria água, ter uma moradia própria, produzir a própria energia e tudo o que se refere as necessidades básicas da vida.

Em um texto anterior postei sobre a proposta do Rendimento Básico Incondicional, e como ela era capaz de dar esta liberdade independente a cada indivíduo do planeta. Lá também refletimos sobre a hierarquia das meta necessidade de Abraham Maslov:

 

 

O que se ignora muito frequentemente nas nossas análises políticas e sociais, é que não é possível ter uma alta e elevada civilização se a grande maioria das pessoas não conseguem suprir os 2 primeiros degraus da pirâmide das necessidades de Maslow. Vejo muitos pensadores desta questão bravejando orgulhosamente: “Precisamos de uma sociedade com cidadãos/pessoas mais elevadas, com valores elevados. Precisamos de mais espiritualidade e refinamento.” Mas estamos lutando e trabalhando realmente para fornecer um ambiente propício para isso? Considerem o tipo médio de vida que a grande maioria das pessoas do mundo levam, considerem as suas rotinas de sobrevivência, suas vidas modernas e jornadas de trabalho. Como pessoas inseridas neste contexto podem se aprimorar em valores abstratos, espirituais, filosóficos e etc… se mal conseguem uma renda básica para sobreviverem??? Isso sem falarmos da máquina de consumo e publicidade da qual recebemos intermináveis bombardeamentos de todas formas, para nos convencermos a comprar aquilo que em primeira e simples análise, não precisamos realmente.

Tendo isso em conta, qualquer um que pense esta questão com suficiente lógica e profundidade, chegará a conclusão que para mudarmos e elevarmos a nossa civilização, precisamos antes de tudo criar estas condições, precisamos estruturar as nossas sociedades de tal forma que, os dois primeiros degraus sejam automaticamente atendidos de alguma maneira. No nosso texto anterior citado, uma proposta de Rendimento Básico Incondicional ajudaria nisto, mas agora neste, dando um passo mais além, percebemos que isso também pode ser resolvido se conseguirmos construir uma sociedade baseada na autossuficiência das pessoas e das famílias.

Chegando neste ponto, podemos nos questionar sobre formas e maneiras de se estruturar uma sociedade. Será que a forma como estruturamos a nossa sociedade hoje é a melhor possível? É a mais eficiente? Tenho que responder veementemente que NÃO! Ela está muito longe de ser a mais eficiente, e ainda apresenta muitas redundâncias e desperdícios em todas as suas partes.

Neste ponto, tenho que recomendar o trabalho de duas pessoas que passaram pelo nosso planeta e que estudaram a fundo estes problemas, sob uma ótica de design e planejamento social, são eles os cientistas independentes e designers sociais Jacque Fresco e Buckminster Fuller, dois grandes visionários que conseguiram desenvolver esta visão de sociedade mais eficiente que abordaremos aqui.

Vamos pegar um tema básico e importante: alimentação. Como a nossa sociedade lida com a alimentação hoje? Basicamente se seguem as tendências do mercado. Não existe um planejamento de produção e distribuição eficiente e otimizado, de modo a satisfazer a necessidade de todos pela boa alimentação. O mundo tem aumentado muito a produção de comida nos últimos anos de tal forma que poderia acabar com a fome global, no entanto, a forma incorreta de distribuição e o desperdício na cadeia de produção dos alimentos, faz com que ainda existam pessoas que morram de fome no mundo hoje.

Ora, aí está uma questão que podemos analisar: se ao invés de mantermos o atual sistema de produção e distribuição de alimentos, nós mudarmos e adotarmos um outro sistema, que seja mais autossuficiente, independente e autônomo? Por exemplo, se colocarmos isto nos nossos projetos urbanos e arquitetônicos? As hortas comunitárias podem ser uma solução extremamente viável neste sentido. Se incorporarmos elas nos designs das nossas cidades, e distribuirmos elas pelas cidades, de forma equilibrada pelos quarteirões, de maneira que todas as casas em seus entornos tivessem acesso a comida produzida ali, localmente. Isto acabaria com enormes redundâncias na produção e transporte de alimentos. Outra solução também, seriam as hortas automatizadas, e a incorporação delas em todos os projetos de moradias, tal como ninguém constrói uma casa sem cozinha ou banheiro, assim um cômodo destinado a uma horta automatizada estaria sempre presente nos projetos, e seria algo comum e estabelecido em todas as moradias, dando assim a capacidade de todos produzirem os seus próprios alimentos, com baixo custo.

Viram a diferença na abordagem? Hoje em dia, quanto trabalho e comida são desperdiçados quando a comida produzida não é utilizada? Porque não perdemos apenas os alimentos em excessos não utilizados e descartados, perdemos também o trabalho na produção deles. E aí chegamos talvez a redundância mais ineficiente do atual sistema: não existe ligação alguma entre as necessidades reais humanas e o nosso sistema de produção. Ser eficiente significa apenas produzir aquilo que realmente necessitamos, aquilo que precisamos, e na quantidade e qualidade de que precisamos. Vale mais produzir menos comida, que possa atender as necessidades das pessoas e que seja de excelente qualidade, do que produzir muita comida de má qualidade, processada. Isto tudo fica claro quando pensamos em eficiência, em todos os sentidos.

Bom, pensando desta forma, podemos vislumbrar o motivo do porque não conseguirmos vencer os mais simples desafios globais da humanidade: não conseguimos acabar com a miséria e fomes globais, por exemplo. Isto se deve ao de fato de que nunca encaramos estes problemas de forma global com esta mentalidade de eficiência de projetos, construção e designs da nossa civilização. O fato é que precisamos atualizar muito as nossas estruturas sociais e civilizatórias, de forma que possamos projetar uma sociedade mais harmoniosa, equilibrada e abundante. Precisamos ser bem mais espertos coletivamente, e resolvermos os nossos problemas com soluções já incorporadas nos nossos projetos e designs mais básicos.

Espero ter fornecido boas reflexões a todos, e incentivos a construir uma sociedade melhor.

Seguem alguns videos para inspirarem vocês:

 

 

 

 


 

ENG

What person on the planet does not want to live in a better world? In a fairer world? In a better society in every way? I believe that everyone, without exception, wants this, however, the opinions and visions of how to reach this goal are the most diverse and nebulous.

If we consider political notions and visions, we enter into a war of ideologies that seem increasingly to distance themselves from practical measures and solutions to improve our world.

Therefore, I intend to address in this text practical and basic notions of how to improve our society. There is a lot of talk today about "freedom" and "free initiative", "freedom and equal opportunities". What does it mean to be really free? Would being free be free time? Should being free would depend on something external to one's own person? Nowadays a person without money, who does not have a sufficient income, can be considered free? In this context, I believe we have reached a key point of this freedom. As long as the human being and the human individual are dependent on external forces and influences to be free, such freedom will be no more than an illusion.

So, before we think of this freedom of being, we need to approach self-sufficiency and autonomy of being. And if we want to maximize the results of this, we need to design and build societies taking that into account. What does it mean to be self-sufficient? It means being able to self-sustain in basic things, independently: to produce one's own food, one's own water, to have one's own dwelling place, to produce one's own energy and all that concerns the basic necessities of life.

In an earlier text I posted on the proposal of Unconditional Basic Income, and how it was able to give this independent freedom to every individual on the planet. There we also reflect on the Abraham Maslov's hierarchy of needs:

 

 

What is often overlooked in our political and social analyzes is that it is not possible to have a high level civilization if the vast majority of people fail to supply the first two steps of the pyramid of Maslow's needs. I see many thinkers of this issue proudly shouting, "We need a society with higher level citizens/people, with high values. We need more spirituality and refinement. "But are we really building and working to provide a conducive environment for it? Consider the average type of life that the vast majority of people in the world take, consider their survival routines, their modern lives and working hours. How can people in this context improve themselves in abstract, spiritual, philosophical, and other values, if they can barely afford a basic income to survive??? Not to mention the consumer and advertising machine from which we have endlessly bombarded anyway, to convince ourselves to buy what we do not really need in the first analysis.

Bearing this in mind, anyone who thinks this matter with sufficient logic and depth will come to the conclusion that in order to change and elevate our civilization, we must first of all create these conditions, we must structure our societies in such a way that the first two steps are automatically taken care of in some way. In our previous text quoted, a proposal for Unconditional Basic Income would help in this, but now in this one, taking a step further, we realize that this can also be solved if we can build a society based on self-sufficiency of people and families.

At this point, we may wonder about ways of structuring a society. Is the way we structure our society today the best it can be? Is it the most efficient? I have to respond vehemently that NO! It is far from being the most efficient, yet it has many redundancies and wastes in all its parts.

Now, I have to recommend the work of two people who have passed through our planet and who have studied these problems in depth, from a design and social planning point of view, they are the independent scientists and social designers Jacque Fresco and Buckminster Fuller, two great visionaries who have succeeded in developing this more efficient society view that we will address here.

Let's get a basic and important theme: food. How does our society handle food today? Basically market trends follow. There is no efficient and optimized production and distribution planning in order to satisfy everyone's need for good food. The world has greatly increased food production in recent years in such a way that it could end global hunger; however, the wrong way of distribution and waste in the food production chain still causes people to die of famine in the world today.

Now, here is a question that we can analyze: if instead of maintaining the current system of production and distribution of food, we change and adopt another system that is more self-sufficient, independent and autonomous? For example, if we put this in our urban and architectural projects? Community gardens can be an extremely viable solution in this regard. If we incorporate them into the designs of our cities, and distribute them through the cities, evenly across the blocks, so that all the houses in their surroundings would have access to locally produced food. This would end the enormous redundancies in the production and transportation of food. Another solution would be the automated gardens, and the incorporation of them into all housing projects, just as no one builds a house without a kitchen or bathroom, so a room for an automated garden would always be present in the projects, and would be something common and established and all dwellings, thus giving everyone the ability to produce their own food at a low cost.

Did you see the difference in approach? How much work and food are wasted today when the food produced is not used? Because we not only lose food in unused excesses and discarded, we also lose the work in producing them. And then we arrive at perhaps the most inefficient redundancy of the current system: there is no connection between real human needs and our production system. Being efficient means just producing what we really need, what we need, and the quantity and quality we need. It is better to produce less food that can meet the needs of people and is of excellent quality, than to produce a lot of poor quality, processed food. This is all clear when we think of efficiency, in every way.

Well, thinking in this way, we can glimpse the reason why we can not overcome the simplest global challenges of humanity: we can not end the misery and global hunger, for example. This is due to the fact that we never face these problems in a global way with this design mentality, construction and designs of our civilization. The fact is that we need to update our social and civilizing structures a lot so that we can design a more harmonious, balanced and abundant society. We need to be much smarter collectively and solve our problems with solutions already incorporated into our most basic designs and projects.

I hope I have provided good insights to everyone, and incentives to build a better society.

Here are some videos to inspire you:

 

 

 

 

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img credz: pixabay.com
Nice, you got an awesome upgoat, thanks to @paulomurilo
BuildTeam wishes everyone a bullish new Year!
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