Lar doce lar

Hoje não vou escrever sobre conteúdo da minha área. Vou postar sobre esse final de semana, e uma visita a casa dos meus pais, onde fui criado.

Esse lugar chama-se Gargaú, um distrito que pertence município chamado São Francisco de Itabapoana, no estado do Rio de Janeiro.

Um local de origem por uma vila de pescadores, ainda hoje com poucos recursos externos, parece esquecida pela politica pública, como de praxe no Brasil, as gestões de políticas públicas municipais e locais da maioria das cidades brasileiras são tão ruins como as estaduais e federais, e mesmo notando o crescimento em relação ao tempo que acompanhei quando era criança, onde nem tinha linha telefônica em casa, hoje a acessibilidade tecnológica não falta com a internet, claro que particular, com isso gargaú, vem sofrendo com mesmo caos social, com falta de infraestrutura, falta de recursos para saúde e educação, comum na grande maioria das cidades brasileiras. Afinal o Brasil está em crise, com orçamento nacional de no valor total de R$ 3,5 trilhões em 2017.

É uma região litorânea, de beleza natural única e portadora de indispensáveis mangues, banhada pelo braço de um importante rio brasileiro chamado rio paraíba, o que faz sua praia e as praias da região terem um mar de cor marrom, de águas quentes e que muitas vezes estão sujas de materiais da natureza, como galhos e matos, além da sujeira humana.

Quintal de casa

Seus ventos são fortes e contínuos, perduram o ano todo, e por isso foi construída uma usina eólica, ainda em fase experimental, com ótimos resultados, que nos mostra que somos um país rico de recursos e podemos ser mais sustentáveis.

Em um local que o rio se comunica com o mar, cada época se tem uma nova formação da arquitetura das areias da praia. E não foi diferente dessa vez, está tudo diferente do que conhecia, quando desbravava o litoral com amigos procurando peixes, e voltando na maioria das vezes sem nenhum peixe, no entanto, chegava cheio de histórias de pescador.

Nessa praia fui criado, meus pais moram em uma cidade próxima, com mais condições de trabalho e criação nossa, e todo final de semana vinham e continuam até hoje vindo, ao local de descanso da alma, que me refiro desde pequeno como praia, mesmo não tendo um perfil de praia normal, não é nem de costume aqui ir no mar, já que atravessar o rio é perigoso, e o mar distante e sujo após o rio.

Mesmo assim desde pequeno acompanho meus pais, mesmo sendo filho caçula e cheio de vontades, fui criado para o mundo, com os mais nobres valores humanos e sempre com muita liberdade. Aqui juntava amigos para pescar, seja dia ou noite, andava pelos brejos pescando, caçando novos lagos e acompanhando cheias em enchentes, tomando banho no rio, pescando bagres na praia, traíras nas lagoas, andando de Dakar e caiaque para cima e para baixo.

Meu pai pouco a pouco, foi e vem construindo um grande lar para a família, junto a minha mãe, com suor e trabalho, sempre nos proporcionando uma qualidade de vida, muito além das que tiveram em suas próprias vivencias.

E trilhando meu caminho, hoje me encontro distante, na cidade do Rio de Janeiro, praticando minha profissão de oficio, e lapidando meu conhecimento, no SUS do município. Com minha carga horária, é difícil e custoso retornar finais de semanas e feriados. E mesmo em praias cinematográficas do Rio, ainda sempre fica a sensação que tem algo faltando, sensação que supre sempre onde volto as minhas origens, aos meus vínculos familiares, mesmo que só possa voltar em média uma ou duas vezes por ano em períodos de férias.

Quando venho, sempre é festa, e dessa vez não foi diferente. Acompanhado de minha alma gêmea @giovanalrico, viemos passar um períodos das férias aqui, com meus pais, minha irmã e cunhado, e meu sobrinho/afilhado. Minha mãe, grande rainha do lar, desde sempre fez magia na cozinha, tem a arte/mágica de fazer comidas de sabores inigualáveis, aquela comida caseira que não se encontra de jeito nenhum em cidades maiores, mesmo que nos locais tenham o slogan "comida caseira", talvez também por se remeter a minha comida caseira, e talvez por isso nunca encontre.

Pela facilidade e acesso a frutos do mar, e conhecimento de pescadores, que praticam a pesca artesanal como modo de profissão, sobrevivência e de sustento a suas famílias, reguladas pelo IBAMA, órgão fiscalizador do meio ambiente, conseguimos comprar direto dos pescadores, também não tem nada igual a frutos do mar frescos, comprar congelados em supermercado não tem gosto, o sabor é diferente. Aqui encontra-se com facilidade, caranguejos, peixes, camarões, lagostas e muitos outros frutos do mar.

Assim, minha mãe fez um risoto de lagosta, postarei as fotos abaixo, sabor indescritível, que imortalizei em fotografias e deixarei aqui, para que nos melhores e piores momentos, olhá-las e saber de onde vim, não sei a experiência de vocês, porém na minha prática clínica, e na minha própria vida, acontece, de por vezes tomamos um rumo levado pelas nuances da vida, e por vezes esquecer quem somos em essência, muitas vezes nem paramos para pensar quem somos, sequer uma vez na vida.

E agora apresento-lhes a arte da comida de casa: