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O dilema do prisioneiro foi uma história criada na década de 1950, por Albert W. Tucker, para ser apresentada em um seminário de psicólogos da Universidade de Stanford, com o objetivo de mostrar a dificuldade que se tem em analisar certos tipos de jogos, ou condições conflito.
O dilema é o seguinte:
Dois bandidos, João e Jonas, foram presos e acusados de um crime que cometeram juntos. Eles agora estão detidos em celas separadas e não tem nenhuma comunicação entre si. O delegado, chega separadamente para cada um e faz a seguinte oferta: Confessar ou Negar
Se nenhum dos dois confessar, ambos pegarão 1 ano de prisão. Se os dois confessarem, ambos pegarão 5 anos de prisão. Mas...se um confessar e o outro negar, então aquele que confessou será libertado, e o que negou pegará 10 anos de prisão.
Cada célula contem os números que representam os resultados para cada possível escolha de ambos
Se olharmos do ponto de vista do João, ele pode pensar assim:
“Bom, das duas uma: Ou o Jonas confessa, ou o Jonas nega. Se o Jonas confessar, então é melhor para mim confessar também. Se o Jonas negar e eu confessar, então eu fico livre. Em qualquer um dos casos, o melhor para mim é confessar. Então, vou confessar”
Se olharmos do ponto de vista do Jonas, podemos aplicar o mesmo raciocínio, e concluir que o Jonas também irá confessar. Assim, confessando, ambos ficarão presos por 5 anos. Em termos de teoria dos jogos, podemos afirmar que para João e Jonas essa é a estratégia dominante, ou seja, aquela que apresenta o melhor resultado independente da escolha do outro jogador.
É aí que está o dilema, a estratégia dominante ou a melhor escolha individual, não é a solução que traz o melhor resultado para todos! Se João e Jonas negarem, ficariam somente 1 ano presos. A maneira de resolver o problema seria um acordo prévio antes de cometerem o crime, caso sejamos pegos, negamos! Mas, chegando na hora da escolha, como confiar no outro jogador? Afinal, se um deles confessar e o outro negar, aquele que negou fica 10 anos preso, e o outro sai livre.
É um dilema sobre, confiar e cooperar, e ter o melhor resultado para ambos. Ou não confiar, e buscar pelo melhor resultado para si independente de qual seja a escolha do outro
O mesmo modelo do dilema dos prisioneiros se aplica na nossa sociedade em muitas situações, tanto na relações entre países, corrida armamentista, industrialização, utilização dos recursos naturais e danos ambientais, quanto nas relações de mercado, concorrência, e até nas nossas atitudes mais simples do cotidiano.
É um dilema social, entre confiar ou não confiar, os interesses individuais e a análise estritamente racional e matemática induz a um resultado pior do que o olhar coletivo e a colaboração e confiança.
O problema é sair desta armadilha, quem irá confiar que o outro não seguirá a estratégia dominante e ganhará sozinho, enquanto o outro que confiou e seguiu a estratégia com o melhor resultado para o coletivo, perde tudo.
A solução ótima, ou seja a melhor solução estratégica individual, não é aquela que traz o melhor resultado coletivo. E a única maneira das pessoas não buscarem a melhor solução estratégica individual é confiar que o outro também não o fará... e ai ...
Ps: A boa notícia é que estamos aqui, e ainda não explodimos o mundo, o que significa que a cooperação e colaboração tem prevalecido :)
Muito bom. Temos que confiar pois estamos à mercê dos outros o tempo inteiro. Acho também que a confiança é o que diferencia países mais desenvolvidos do que aqueles em desenvolvimento. Nos primeiros, o senso cívico, a importância do outro e do coletivo prevalecem.
Olá @marb! Obrigado por comentar!
Pois é , acredito que seja devido a uma melhor educação dos países desenvolvidos, mais investimentos em educação e etc..isso cria um senso coletivo mais robusto, sem dúvidas.
Mas por outro lado , se formos levar o dilema para a escala global.. de relações entre países, e não entre pessoas, os países desenvolvidos históricamente optam pela melhor escolha estratégica e não por aquela que beneficiaria todos... talvez por isso eles tenham mais dinheiro para investir e uma população mais educada...Mas em termos de países e escala global , eu penso que eles são egoístas na maioria das suas políticas de relações internacionais, e buscam o melhor resultado para o seu país independente do que acontece com os paises em desenvolvimento. O que geralmente significa que eles crescem, são desenvolvidos e tem uma população mais educada exatamente por não colaborar com os países em desenvolvimento e buscar pelo melhor resultado individual para o país deles.
Bem exposto @marb. Concordo contigo. O senso coletivo prevalece em sociedades evoluidas, enquanto o senso individual e agocentrico prevalece em sociedades atrasadas. Eis uma das razões para que países sem muitos recursos naturais dominem economicamente outros com abundância de recursos, como o nosso.
Seguindo aqui para ler assim que possível. Até agora, muito interessante.
Sinceramente, da pra eu fazer essa analogia por classe social e descobrir.
2 bandidos. 1 traficante e 1 corrupto.
No caso de ambos, previamente combinar de negar. O traficante negaria sempre, e o corrupto assumiria.
Os bandidos de classe mais alta sempre querer tirar vantagem, ate na desvantagem.
Por isso tantas delacoes premiadas de corruptos e de traficantes nao.
O mais pobre sabe que se combinou de negar, tem que negar. Senao depois o crime cobra a traicao.
Nessa analisa vejo que o PCC e o CV são mil vezes mais eficientes que o Estado.
As leis deles são cumpridas.
Quando o Estado coloca policia em um bairro os crimes continuam acontecendo.
Quando o PCC pixa um muro com os dizeres "proibido assaltos nessa regiao. Ass: pcc". O assalto não acontece.
Tenho minhas dúvidas se o traficante negaria sempre e se o corrupto assumiria sempre hehe....
Mas voce está certo , a questão das delações premiadas envolve muitas questões éticas e esse dilema do prisioneiro se aplica perfeitamente a situação das delações premiadas....O crime organizado das facções encontrou uma maneira de forçar com que o preso comum sempre negue, afinal se ele caguetar vai passar o maior veneno na cadeia...essa foi a solução que eles econtraram para esse dilema. Mas a questão ética por trás é que sempre os acusadores irão usar este jogo para forçar uma delação, e no caso das delações premiadas isso pode ter feito com que muita coisa ali tenha sido até inventada, e outras não foram levadas a sério e deveriam... mas enfim há outros jogos políticos por trás desse conflito, e muito dificil saber ao certo o que se passou ali de verdade.
@lpessin, se tem uma coisa que eu sempre falo é... Só se sabe se realmente você coloca a mão por uma pessoa, quando teu cu tá prestes a entrar na zona.
O motivo por conta disso, é que não temos como realmente saber o que o outro irá dizer, então, você tenta ao menos garantir o seu.
hehehe Curti essa frase kk
Exatamente, não temos como garantir o que o outro irá fazer...resta só a confiança.... mas uma maneira de solucionar o problema é com varias rodadas... por exemplo , se na primeira rodada voce viu que o outro não confiou , voce tb não confia na proxima..se voce viu que o outro confiou , voce confia tambem na proxima rodada...e assim vamos .. hehe...
Excelente artigo. Um exemplo de falta de lógica e estratégia é lutar por modelos economicos e políticos ultrapassados que pregam luta de classes em vez da cooperação e colaboração entre os indivíduos.
Valeu @alterbrandt! Pois é, se ao inves da disputa de classes tivessemos mais cooperação seria muito melhor! Mas acredito que estamos evoluindo nesse sentido, precisamos ficar atentos com os 'velhos' novos políticos que estão surgindo nestes tempos conturbados...
Curti muito essa contextualização. Sobre a resposta, seria dada de acordo com quem fosse o parceiro e o andar da situação, mas provavelmente negaria ou confessaria sem entregar o parceiro, porque isso pode ter grandes consequências... Grato por compartilhar isso conosco!!
Fala Paulo, ahaha então , não há essa opção de confessar sem entregar o parceiro hehe
Mas eu entendi o que voce quis dizer! O crime organizado tem maneiras de impor aos outros que não confessem, essa foi a solução que eles encontraram para esse dilema =]
Na realidade não é só pelo crime organizado. Entregar quem confiou na gente não é uma boa ideia, apesar de dizerem que "não há honra entre ladrões" as coisas são bem mais complexas do que parecem... mas a ideia geral mesmo seria não cometer um crime para não ser pego :p grato pela resposta!!
Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
Valeu =]
Ótimo post, de quebrar a cabeça!! A princípio eu negaria, claro! Combinado é combinado. Só que vem na minha cabeça umas cenas de tortura... aí não sei se daria conta... mesmo com tortura psicológica.
Valeu =]
Que teoria massa hein! Vou procurar estudar mais sobre. Neste caso também combinaria com antecedência junto ao outro preso confiando na resposta dele.
Valeu @guifaquetti! Vale a pena o estudo, eu conheci a teoria em uma aula de economia na faculdade, é muito interessante.. tem varios outros jogos modelos para se estudar...
Então, voces combinariam , mas e se ele te trair? hehe aí voce pega 10 anos de prisão e seu parceiro sai livre heheh ...
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Nossa, isso foi surpreendentemente muito bom!! Curti bastantes essa abordagem nos assuntos estratégicos e pontos de vistas de diferentes pessoas, os quais sempre buscam a melhor resolução dos seus problemas, mesmo este sendo tão previsível!