A necessidade de se dizer o que se é e o que não se é também se inscreve numa moda de afirmação e de reconhecimento.
Todos querem ser alguma coisa que possa ser objecto de observação e contemplação do olhar colectivo.
Ao mesmo tempo que se sente esta necessidade de afirmação e reconhecimento pelo que se é e, por vezes, por aquilo que se gostaria de ser, também se experimenta uma libertação de uma eterna aceitação predestinada para se ser o que sempre se foi e que já não se quer ser.
Há novas identidades colectivas onde cada um se insere não com o fervor religioso de outrora, mas com a religiosidade de quem se religa a determinados padrões e comportamentos sociais.
Não deixa de haver contradições entre aqueles que querem ser o que não podem ser e cuja insistência os leva a criar ficções pessoais que muitas vezes conduzem ao sofrimento solitário quando são confrontados com realidades cruas e cruéis.
Esta relação do conflito surge, muitas vezes, na sequência de comunicações perversas no espaço público que insinua através de metáforas perigosas que se pode ser o que não se pode ser e, consequentemente, que se pode ter o que não se pode ter. E quando se mimetiza comportamentos do que se gostaria de ser, mas que não se é, dá-se lugar ao burlesco, ao ridículo e abre-se caminho à exclusão. Destas frustrações continuadas emergem doenças psicológicas graves cujos distúrbios podem levar a planos de demência que arrasam tudo à sua volta.
Por outro lado, as chamadas elites, na sua reconhecida crueldade, ao ridicularizarem o outro por querer ser aquilo que ainda não pode ser, desestabilizam relações sociais que chegam facilmente ao confronto. Mas estas elites também sofrem do mesmo problema porque também elas querem ser mais do que são e que muitas vezes não podem ser por incompetência e ignorância, subvertendo a sua relação com o meio onde estão inseridas através do dinheiro que compra quase tudo e quase tudo corrompe, criando injustiças sociais difíceis de ultrapassar e vencer.
Nestes confrontos, a publicidade aplica a sua estratégia que provoca, primeiro, o desejo e, depois, a falácia do acesso que na realidade não se tem a produtos e bens supérfluos transmutados em bens de imperiosa necessidade.
Esta sociedade hipermoderna é também a sociedade do paradoxo e da decepção.
Ao criar turbas de decepcionados, abre as portas aos mais reprováveis sentimentos que entram inevitavelmente em confronto com o que se desejaria ser uma educação de excelência.
Este tem sido o espectáculo degradante que as elites políticas europeias têm produzido e protagonizado, levando a fracturas sociais cujo desfecho é imprevisível.
Este espectáculo degradante, que se exibe diariamente nas estações de televisão, é um exemplo da mediocridade, da ignorância, da soberba, da arrogância, da incompetência, mas sobretudo da corrupção de uma organização criminosa que quer fazer crer que é uma coisa que jamais poderá ser: líder de uma Europa digna e solidária.
Este cenário está a gerar ondas de revolta e as ondas de revolta podem gerar uma revolução continental e no fim a Alemanha perde. Como sempre!
Luís Filipe Sarmento, Gabinete de Curiosidades, Lisboa, São Paulo, 2017
Foto: José Lorvão
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