Somos bancos de dados vivos e ordenados por algo maior que nós mesmos: algoritmos. No fim desse texto, você será real?

O Facebook consegue ler todos os elementos da sua imagem. Se você coloca uma foto com seu cachorro, ele irá descrever a imagem como: pessoa, sorrindo — ou não -, com cachorro. Fotos de aglomerados na rua, as vezes ele taxa como ‘atividades ao ar livre’.

O alt-text é uma ferramenta de descrever imagens para que quando não sejam carregadas, pessoas não percam a usabilidade, sabendo do que se trata os elementos não mostrados, é também um item muito útil para cegos, pois ninguém usaria um ‘descrição para cegos’ em cada foto colocada aqui.

Fora isso, esses mecanismos são usados para propaganda.

Não só isso, a privacidade é algo que morreu após 2012, curiosamente quando a maioria dos dados mostraram que as pessoas se dividiram por ideologias políticas, vide a pesquisa de republicanos x democratas, nos USA e a polarização em todas as partes do globo.

Somos imensos bancos de dados vivos de estudos para softwares.

• O movimento dos nossos olhos, inclinação da cabeça e movimentos;

• Velocidade de digitação;

• Área da tela do celular onde mais os dedos passam;

• Leitura de ambiente e organização automática das fotos;

• Geolocalização (é possível monitorar pessoas e mostrar anúncios caso estejam em determinadas partes da cidade ou dentro de uma loja);

• Áudio. O Facebook e o Google escutam o que nós falamos para mostrar anúncios e atividades. O primeiro, através da sua tríplice de software: Whatsapp, Messenger e Facebook. O segundo, usando o Android OS e todos seus softwares vinculados a conta Google.

Há também os cookies, que servem para te rastrear e complementam alguns desses softwares. Útil para remarketing, quando o software lê que você decidiu desistir de uma compra em determinada etapa, então te mostrará esse produto em certos dias ou horas, com alguma headline emocional:

“ Estamos tristes que você não finalizou sua compra :( ”

Os algoritmos moldam a nossa sociedade moderna e são retroalimentados pelo que fazemos aqui, refletindo nossa individualidade — gostos pessoais, crenças (políticas, religiosas, estilos, etc), momentos (traumas, vitórias e derrotas) amplificando-a e segmentando com tudo aquilo que nossos desejos anseiam.

© Carts

Acha que o fato de ver apenas notícias da carta capital, spotniks, bolsonaro e lula na sua timeline é uma coincidência? Não é.
Isso é o algoritmo entregando aquilo que você quer ver, unindo sua individualidade com uma ‘inteligência coletiva’ programada.
Uma das últimas atualizações de feed no Facebook, elimina ou reduz o alcance que assuntos não-tendência tem na sua timeline, lendo o que o padrão da sua ‘tribo’ está comentando.
Quando essas coisas se combinam com nossos vieses cognitivos, nos tornamos seres completamente irracionais e alienados.
A questão onde eu quero chegar é apenas uma: até que ponto do que postamos ou somos na vida real fazem parte de nós mesmos de verdade?

Nos perguntamos “quem sou eu?” e uma máquina responde após ter nos vestido, decidido a política, os relacionamentos, amigos excluídos, bebidas, comidas, viagens e por onde passamos no mapa.
Afinal, quantas pessoas realmente fazem escolhas reais, em um mundo alienado por pré-decisões do deus do big data?

Você é você e suas escolhas?

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