O "Lugar de fala" e a disjunção entre racionalidade e discurso de autoridade

in #pt4 years ago (edited)

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Em meus estudos e leituras para tentar entender sobre o complexo universo da política, me deparo com um artigo feito ao Estadão pelo professor de filosofia política da PUC de São Paulo sobre a disjunção necessária entre racionalidade e discurso de autoridade. Um artigo preciso sobre a atualidade e o suposto "lugar de fala" tão presente nos discursos das redes sociais sobre assuntos considerados delicados a determinados grupos sociais.

Aí está um trecho que resume bem toda a problemática que envolve essa questão, convenhamos, polêmica a toda a população, principalmente àqueles que estudam toda a dinâmica da sociedade.

É preciso sustentar politicamente o argumento de que há vozes não ouvidas nas nossas sociedades e que, de fato, podemos não compreender adequadamente suas reivindicações por não estarmos sujeitos às mesmas condições de vida e exclusões históricas daqueles que as expressam. Mas, outra coisa é dizer que a sua autoridade é exclusiva e que ninguém mais pode se pronunciar sobre aquilo que se refere à sua condição e sua vida.

Se é assim, a vítima mais importante em todo esse processo é, precisamente, a empatia, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro da melhor maneira possível. A construção de soluções políticas comuns torna-se praticamente impossível, o que é exatamente o oposto do interesse dos grupos que compõem uma sociedade. Se o que se quer são soluções comuns, e não o contínuo isolamento dos muitos grupos em suas próprias fronteiras, em seus espaços sociais cada vez mais exíguos (ou insuficientes), é preciso reconhecer que a racionalidade e a empatia estabelecem as pontes para as causas compartilhadas.

A acusação de que a racionalidade universal, ou o universalismo racional, não passam de argumentos de autoridade usados por alguns para sustentar sua posição de poder, eliminando seu caráter epistemológico e convertendo tudo em retórica política, é uma forma extrema de relativização da razão e de eliminação da possibilidade da busca de verdades racionais com validade universal.

O efeito disso é o da perda da possibilidade da aquisição de conhecimentos válidos para todo ser racional, conhecimentos que são compartilháveis precisamente por serem acessíveis à razão humana comum. Construções racionais do campo da ética e da filosofia política como “direitos”, “igualdade”, “democracia”, simplesmente perderiam discernimento e tornar-se-iam inúteis pois seriam incompreensíveis fora do círculo social no qual teriam se originado. Um prejuízo evidente para todos.

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