Os malditos da nossa MPB - depois de Torquato Neto, trago agora um dos meus compositores brasileiros preferidos, o saudoso Sérgio Sampaio.
Sentada, tomando um vinho e ouvindo o vinil do cara, peguei a câmera e fiz este registro. A tipografia da arte da capa misturava-se com o vermelho da taça. Logo abaixo da base da taça a frase que dá nome do disco "Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua" e uma seleção de fotos sensacionais e ousadas do artista.
Este álbum para mim é sem dúvida uma obra prima da música marginal brasileira.
Inquietante, melancólica, profunda e simples, foram essas as palavras que vieram em minha mente para definir o trabalho de Sérgio Sampaio. Um dos maiores músicos da geração marginal da música brasileira, que como tantos outros morreu no anonimato ou sem muito reconhecimento, mas que aos poucos vem conseguindo ganhar notoriedade. Um artista a frente de seu tempo.
Capixaba, nascido em abril de 1947, moço rebelde com alma de artista, mudou-se na juventude para o Rio de Janeiro, para tentar a vida como músico. Encontrou no caminho o músico Raul Seixas, o qual fez um projeto musical muito surrealista para época, lançando em 71 o LP - Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, juntamente com Edy Star e a cantora Miriam Batucada.
O álbum é uma mistura interessante, muita experimentação sonora, me remeteu uma atmosfera meio os Mutantes.
Sérgio Sampaio é um daqueles compositores populares que ficaram literalmente à margem da fama, não foi tão pop quanto Raul e apesar de amigo de infância do Roberto Carlos, não teve qualquer apoio Rei.
Na foto acima, Sérgio Sampaio e seu parceiro em muitas produções Raul Seixas.
Sérgio Sampaio em uma entrevista, confessa que tinha um grande desejo de ver gravado por Roberto Carlos alguma de suas canções, que negou o pedido e cortou qualquer laço com o compositor por achá-lo meio "doido". Devido este ressentimento, Sérgio compôs a - Eu Sou Aquele Que Disse - um dos grandes sucessos do seu primeiro álbum.
"Cante, converse comigo
Antes que eu cresça e apareça"
E Sérgio Sampaio apareceu... com seu primeiro álbum Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua, conseguiu um reconhecimento popular, a música que nomeou o disco virou hino entre os blocos de carnavais e para os boêmios errantes.
"Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou
Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou
Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender
Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero é todo mundo nesse carnaval
Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender"
Lembro de quando ouvi essa música pela primeira vez, fiquei fascinada, foi minha porta de entrada para a poesia de Sérgio. A honestidade das letras do compositor, junto com uma acidez poética, foi arrasador, me rendi.
Lançou mais dois álbuns - ‘Tem que Acontecer’ (1976) e ‘Sinceramente’ (1982), ambos muito fodas, porém, comercialmente não fizeram tanto sucesso quanto o primeiro.
Sérgio Sampaio, não tinha uma ambição comercial, não queria se vender e acabou não sabendo lidar com o mercado fonográfico. Logo, acabou indo parar na marginalidade a qual mencionei acima. Uma poesia com uma profundidade e qualidade fantástica, mas que não se tornou tão popular quanto os demais colegas da época.
Confesso, conheci a música Tem Que Acontecer primeiramente na voz de Zeca Baleiro, o cantor fez um tributo e regravou algumas canções de Sérgio Sampaio. Fiquei fascinada com a honestidade da música, depois, quando conheci a obra do compositor mais a fundo, fiquei surpresa do quanto desconheço a música brasileira.
Por fim, digo, que vale muito a pena conhecer a musicalidade, a poesia e a profundidade de Sérgio. Ele passeia por ritmos e sonoridade popular, com letras que exprimem poesia de uma forma simples, mas que não desqualifica a intensidade de seus versos.
Apesar de ter tido uma vida meio conturbada, boêmia e desregrada, tinha cada coisa em seu lugar. Ele soube usar a música como expressão máxima de sua experiência curta mas profunda.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=Gk0r77JTzp8
Cada Lugar Na Sua Coisa
Sérgio Sampaio
Um livro de poesia na gaveta não adianta nada
Lugar de poesia na calçada
Lugar de quadro é na exposição
Lugar de música é no rádio
Ator se vê no palco e na televisão
O peixe é no mar
Lugar de samba enredo é no asfalto
Lugar de samba enredo é no asfalto
Aonde vai o pé arrasta o salto,
Lugar de samba enredo é no asfato
Aonde a pé vai se gasta a sola
Lugar de samba enredo é na escola
Não sei se este simples texto conseguiu exprimir a homenagem que gostaria de ter feito, mas de forma simples, deixo meu Salve Sérgio! Salve a música Marginal Brasileira!
@edguimaraes, sei que o @cheetah está achando que seu post foi copiado da internet, mas ele está errado, e infelizmente não vai mudar de opinião por que é um robô. Ignore-o. Mas talvez seria bom falar com o @maxjoy para ver o que pode ser feito a respeito.
Isso aconteceu por que pegou talvez um grande trecho da internet com esse conteúdo do Sergio.
Mas sabemos que a foto é sua e a escrita também. Então ignore mesmo.
Vou linkar aqui o menu atualizado com todos os artistas do dicionário, depois preciso te ensinar a formatar com esse menu interno:
Hi! I am a robot. I just upvoted you! I found similar content that readers might be interested in:
https://www.scribd.com/document/334881630/Celio-Albuquerque-1973-O-Ano-que-Reinventou-a-MPB-pdf
Nossa acabou valendo pela indicação do Livro hahah...
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@thomashblum eu vi que ele é um robô (inclusive até se assumiu como tal), mas eu ri e achei bom, pq acabei acidentalmente conhecendo o livro! ahaha No mais é isso aí!