Vou iniciar este texto com a etimologia da palavra educação. A palavra educar é originária do latim “educare”, composta por “ex” (fora) e “ducere” (guiar, conduzir), ou seja, guiar para a vida ou para fora da escola. É basicamente o mesmo conceito da palavra pedagogia, originária na Grécia Antiga e que é composta por paidós (criança) e agogé (condução).
E já que falei em Grécia Antiga, como os pensadores gregos viam a educação e como era a educação na Grécia Antiga?
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A educação naquela época era baseada nos textos de Homero (Ilíada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia), para quem nunca os leu, são textos com cunho estético e ético, que valorizam os feitos heroicos dos seus protagonistas. Essa era a educação básica, aproximadamente até os sete anos.
A partir desse momento, começava a ser introduzida na educação do indivíduo, o que Platão cita em seu diálogo “Protágoras” como a educação modeladora do corpo e da alma e sua base era: a educação física, a musical e a literária.
Para Platão, nada poderia ser ensinado de forma excessiva, a ginástica em excesso tornaria o homem muito duro e música e literatura em excesso o tornariam muito sensível. Essa base era seguida até os quinze anos aproximadamente e nessa idade, já se sabia quem seguiria em cada área por sua aptidão. Os mais fortes soldados, os outros músicos, poetas, filósofos e artistas.
A partir desse ponto a educação era dada pelos sofistas, principalmente para quem fazia parte da aristocracia e podia pagar, mas para quem também almejasse seus filhos como políticos, pois a base da educação dos sofistas era a oratória.
Nessa época já começava a se pensar em uma divisão que seguimos até hoje, a separação entre as disciplinas humanistas (Gramática, Retórica e Dialética) e as científicas (Aritmética, Geometria, Música, Astronomia).
Após Platão dar origem a Academia, Aristóteles ao Liceu e Alexandre o Magno criar várias bibliotecas, muito pouco ou quase nada mudou até a Idade Média, onde a Igreja Católica passou a ser o centro de tudo.
Os fundamentos ainda eram os helenísticos e a educação ainda era para poucos, apenas o clero e a nobreza conseguiam dar continuidade aos estudos em áreas específicas, os camponeses que não possuíam recursos e presos às obrigações servis, passavam toda uma vida sem saber ler e nem escrever.
No século XI surge a primeira Universidade, a de Bolonha (antes dela já existiam instituições nesse modelo pelo Oriente Médio, ela é denominada a primeira apenas pelo fato de ter criado um modelo de legislação educacional).
No decorrer dos séculos seguintes começam a surgir várias Universidades por toda Europa, mas a educação ainda era excludente, pouquíssimas pessoas pobres conseguiam estudar, inclusive ter o direito de estudar, pois para quem não fazia parte do clero ou da nobreza, precisava conseguir o “direito” de estudar.
Foi então que ao fim da Idade Média e com o surgimento de uma forma de pensar racionalista, ou seja, a valorização do ser humano e não mais a valorização divina e graças a vários movimentos como humanismo, classicismo e renascimento que a educação começou a ser vista de outra forma, mas ainda era para poucos.
Com base nos ideais iluministas ocorre a Revolução Francesa, algo que mudou para sempre a história do ser humano, e com ela a ideia de qualquer cidadão ter o direito a mesma educação, ideal esse presente atualmente em várias Constituições espalhadas pelo mundo e inclusa na “Declaração Universal dos Direitos Humanos”.
Mas se a educação fosse de qualidade e para todos, não haveriam mais trabalhadores braçais, a nobreza e o clero corriam riscos, é então que o rei Frederico Guilherme I (na Prússia, atual Alemanha) em meados do século XVIII, instituiu a educação obrigatória a toda população. Modelo esse replicado por Napoleão Bonaparte e nos séculos seguintes, também replicado na maioria dos países do globo.
No decorrer dos séculos seguintes poucas coisas mudaram, a base em muitos países ainda é a da educação cartesiana, obrigatória, com punição e recompensa, que seriam as notas.
Esse modelo já se mostra insuficiente para os tempos atuais pois apenas se criam replicadores de conteúdo, essa defasagem na educação pode ser dividida entre governos, professores e pais.
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É chegada a hora de criar ou utilizar algum modelo já existente que “produza” seres humanos críticos/reflexivos, atualmente existem vários modelos diferentes de educação.
Mas mesmo assim devemos tomar o cuidado de que um modelo que deu certo na Finlândia por exemplo, pode não dar certo no Brasil, precisamos ficar atentos a essa diferença sociocultural que existe entre as nações.
Essas diferenças inclusive podem se tornar reais em países com extensão continental, pois quanto maior sua extensão, maior poderá ser também a diferença sociocultural.
É necessário também que toda a sociedade faça parte dessa mudança e não seja uma medida autoritária de qualquer governo e que para esse reste apenas o investimento e que a real educação seja feita com base nos interesses da sociedade, escolhida por pais, diretores, professores, coordenadores e também os alunos de cada região com a necessidade de acolher os anseios daquela comunidade.
Por fim a reflexão que faço é a seguinte, tudo que ocorreu durante os séculos é bom para ser analisado, usamos o que foi bom e excluímos o que foi ruim, mas é necessário parar de pensar em um modelo único, mesmo aqui no Brasil, precisamos de educação que envolva a todos mas que não se delimite a um único modo, pois a necessidade dos meus filhos pode ser diferente da necessidade dos filhos do meu vizinho.
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Concordo piamente contigo @antigourmet. Sua análise sobre a Educação fora perfeita, a descrição e cronologia...Interessante que nos dias atuais, uma criança na Infância e Adolescência não leria Iliada e Odisseia, e muito menos Platão. Porque com a Educação que temos hoje, que dizem "mais facilita", eles não entenderiam esta linguagem mais rebuscada, e com caráter tão interpretativo, infelizmente o aparato educacional anda muito a desejar, e a cada dia, o país desce no ranking da Educação, onde chega a patamares piores que países da África...
A parte que fala que a Educação necessita de repaginar-se é verdade, urgente, principalmente neste mundo tão mutável que vivemos. O problema encontra-se quando tentam fazê-lo, mas o fazem sem qualidade, profissionalismo, e não conseguem fazer com que alguns profissionais também adaptem-se a "nova cara" da educação...
E a forma igualitária da educação seria tão útil, até para o desenvolvimento do país, para que haja "briga" de mentes pensantes, igualdade de conteúdo...O problema que a implantação é demorada, sem deixar de mencionar que o que acontece em outros países, talvez aqui não dê certo, pq realmente, a cultura influencia em tudo.
Convenhamos que tudo seria questão de um trabalho sinérgico mesmo, até porque não é apenas função do professor educar, existirá sempre a junção de outros sujeitos, o governo, a família....Não é pedir muito, o problema é fazer com que todos entendam que a Educação será o melhor caminho!
No dia 02 deste mês, houveram vários debates sobre o BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e mais uma vez esse atual (des)governo optou em ser autoritário e manter a retirada da obrigatoriedade de filosofia e sociologia, diluindo essas matérias entre outras áreas de humanas e inclusive várias matérias dentro da filosofia foram excluidas em definitivo.
Dessa forma fica difícil lutar por uma melhor educação sendo que o modelo vigente coibe ou não ensina os alunos a questionarem. E esse projeto pode até ser aprovado, mas não será tão fácil para esse (des)governo pois vai ter luta!Sim @tabataoliveira a educação é a base de tudo e sempre será e mesmo nesse mundo mutável que vc cita dá sim para criar projetos e através de debates montar um sistema nacional com educação de qualidade.
O negócio é lutar mesmo!Estava estudando a BNCC o ano passado @antigourmet, e percebi que se realmente fosse aplicada como escrita seria maravilhoso (a parte boa, claro), até porque é injustificável retirar filosofia e sociologia de uma grade curricular. A minha mãe sempre reclama e expressa o quanto ela aprendeu na matéria "moral e cívica", ensinavam a serem éticos, probos, aprender seus direitos e deveres dentro da sociedade. Entristecedor esse governo,que faz da Educação, a casa da "mãe joana"...
Muito bom! Gosto bastante dos seus textos! Enriquecem muito a nossa comunidade em conteúdo! Venho usando por vezes a tag education. Vou passar utilizar educação. Se tiver interesse em reunir a tag #educacao no @msp-brasil só me falar.
Muito obrigado pelo comentário e elogio.
Interessante essa ideia @matheusggr, se precisar de alguma coisa me chama lá no discord, uso o mesmo nick do Steemit.