Atenção
Já vou logo avisando, tirem as crianças da sala, porque esta narrativa contém cenas (linhas, na verdade) perturbadoras, e é necessário certo cuidado. Os nomes foram alterados para resguardar a identidade das personagens. (A primeira pessoa que conta a história, não sou eu, é uma outra entidade.)
Manhã
Acordei cedinho, como sempre faço, dei aquela espreguiçada boa, e fui para o banheiro. Nossa, tomar banho de manhã é o que há! Eu nem me incomodava com o frio do inverno, e olha que faz frio aqui, gente, vocês nem imaginam. Fiz o de sempre: peguei a escova de dentes e coloquei a pasta, tirei a roupa, coloquei o pé no chão gelado... nossa, acordei! Subiu um frio pelas pernas que fez meu coração fibrilar! É exatamente nesse momento que a fria realidade (fria mesmo, estava uns 5ºC de manhã) bate na nossa cara. Enfim, respirei fundo, entrei no box e liguei o chuveiro. Vocês sabem que, primeiro, sai aquele jato congelante, né? Parece até que a tubulação vem direto da Sibéria. Um saco isso! Deixei esquentar um pouco e, de repente...
Meu Relógio
...senti aquela vontade de dar uma barrigada? Na mesma hora, pensei: “caceta, o vaso devitá um gelo”. Fechei o chuveiro e saí do box, encarando o vaso. Não havia jeito, tinha de enfrentar aquela boca branca gelada abraçando minhas coxas.
Contudo, aconteceu o inesperado. Não sei se meu cérebro mandou esse comando para o corpo, não sei o que foi, mas a vontade passou. No fundo, o pavor de sentar naquela tábua acolchoada gélida era tão grande, que meu intestino deve ter sugado de volta o chouriço que eu ia lançar naquela caçapa branca enorme. Voltei ao banho e, sem mais problemas, me preparei para o dia de trabalho.
Afazeres
Quando Verônica, digo, Sônia ligou, já estava pronto e fomos ao cartório. Precisávamos realizar uma transação de compra e venda e hoje era o dia. Tomamos um café bacana na padaria da esquina. Pessoal muito legal, todo mundo se conhece. Cidade pequena é tudo de bom. Conversamos um pouco, na verdade, fofocamos mesmo. Fiquei sabendo de uns babados aí, meu Pai, só pelo Senhor mesmo. Até que olhamos para o relógio e percebemos que o cartório já estaria aberto. Eu nem precisava de relógio de pulso mais, porque meu relógio interno já dera sinal de vida novamente. Senti uma pontada no ventre que me fez envergar!
O que houve, ela perguntou, alarmada.
Preciso cortar o rabo do macaco, grunhi.
Ela não entendeu nada, perguntou que macaco era aquele e eu só respondi que tudo ficaria bem. Eu mataria o macaco quando chegasse em casa.
Para minha sorte, o cartório estava vazio. Entregamos a documentação ao escrevente e esperamos. Eu suava horrores! Sônia, nervosa e sem saber o que fazer, perguntou mais uma vez:
Você está passando mal?
Não, não, está tudo bem. Só esse calor que está me sufocando!
Aí ela percebeu que eu não estava bem. Como eu estaria sentindo calor, se estava uns 5ºC graus lá fora? Se eu dissesse a ela que era culpa do macaco, ou do chouriço que estava dentro de mim, ela me bateria.
Finalmente
Quarenta e cinco minutos depois, e tendo assinado a papelada toda, saímos. Ela, toda com vontade de passear pela cidade, me perguntou se eu não queria ver algumas lojas. Como nós somos muito amigos, eu disse que precisava ir para casa e que esse passeio ficaria para outro dia. Nos despedimos e voei para meu apartamento (eu voei mesmo, porque se eu corresse, na primeira abertura de perna que eu desse, o troletão sairia como um tiro na calçada).
Gente, sabe quando você vai se aproximando de casa, todo se tremendo, fazendo respiração de cachorrinho, se contorcendo feito uma lacraia? Eu estava desse jeito e, ainda por cima, todo arrepiado! Eu queria saber qual é a conexão que existe entre “fazer cocô” e “aproximação de casa”. É um troço louco!
Abri a porta, corri para o banheiro e meus olhos bateram naquele cubo de gelo branco. Vuuuut! Esse foi o barulho do meu intestino sugando novamente o fumo de rolo, e eu não acreditei. A vontade passou NA HORA!
Bom, pessoal, eu estou aqui mega tranquilo. Ainda não senti o charuto no beiço querendo sair, mas uma hora ou outra, terei de encarar a situação de frente... ou de costas, neste caso!
Nota: Qualquer semelhança com a vida de vocês, não é mera coincidência, não, é a mais pura verdade, realidade e tudo o mais. Fazer cocô no frio é péssimo, e vocês sabem disso, não é?
Muito obrigado por sua visita, carinho na leitura e comentários!
Abraços, @manandezo!
Publicação de 21 de julho de 2017.
Teu post fo mencionado no artigo 10 Top posts Steemit en Portugués: 22 de Julho
Obrigadas polas túas achegas.
Que belíssimo! Muito obrigado, @gazetagaleguia! =)
Kkkkk ri demais amigo, que história :D Eu já passei por isso e o sofrimento é complicado mesmo kkk
Que bom, amigo @jsantana! Enquanto eu escrevia, pensava em todo mundo, e eu morria de rir sozinho! Bom demais!
Obrigado pelo carinho e amanhã tem mais! =)
kkkkk
Eu também chorei de rir, @anacristinasilva! =)
Esse post foi Resteem por @camoes :), PARABÉNS @manandezo!
Obaaaa, muito bom! Brigadão pela força! =)
Eu ri horrores!!! kkkkkkkkk.... Jammes já tinha ligo e veio ler comigo novamente porque achou o máximo!
Estava sentindo falta desse humor por aqui, sabe? Ainda bem que temos você com essa boa dose de espontaneidade!
Contiuaaaaaaaaaa....kkkkk
Olha, @cleateles, houve momentos em que eu já não sabia se parava para rir, ou se terminava o texto. Minha barriga estava doendo (e não era por causa do chouriço dentro de mim). Sempre gostei desse lado cômico através da literatura, e foi o que me embalou quando fiz Letras e tive contato com esses autores mais lúdicos, como Stanislaw Ponte Preta e Luis Fernando Veríssimo.
Desde minha adolescência, percebi que era um contador de "causos", ou seja, gostava de contar as histórias com pitadas de humor para o povo se escancarar de rir mesmo, e sempre com base em algo que havia visto, ou de minhas experiências. (Eu acredito que comediantes precisam fazer graça de si mesmos, e rir de si mesmos, para saber fazer alguém sorrir para ele.) Enfim, sou assim! (Mas, quando eu começo a escrever coisas dramáticas, sai da frente, porque eu AMO também! Aí já desce em mim o espírito do José Saramago, ou da Clarice Lispector ou do Caio Fernando Abreu. São textos para chorar muito de tão doloridos que são!)
Você não tem ideia de como todos esses comentários me fazem sorrir!
Beijos e abraços, paz e bem! =)
Que doado fai vç contar unha historia en primeira persoa de unha segunda persoa sendo vostede unha terceira persoa.
Cousas veredes !! XD
Muito obrigado, @freyman! Na maioria das vezes, meus escritos são em primeira pessoa, para serntir a parcialidade do narrador. Emprega mais sabor ao escrito!
Abraços, amigo galego! =)
Sim, meu bem, quando a máquina de macarrão tem de funcionar, é difícil no frio. A hora em que sentamos, a vontade até passa, porque é congelamento na certa kkkkk. É a cómedia na sua privada e de outrem.
Pois é, o pior é que o frio hoje aumentou e nem sei como eu vou fazer. Acho que vou esperar o verão! (Risos!)