É preciso insistir com Vini Jr. até o fim
Sem Vini Jr., nas duas rodadas anteriores das Eliminatórias, a Seleção venceu Chile (2 a 1) e Peru (4 a 0). Com Vini Jr., na partida desta quinta-feira, o Brasil empatou com a Venezuela (1 a 1). A equação é tentadora: ela atiça a ideia de que o atacante piora o time – e de que a Seleção não precisa dele.
Faltando um ano e meio para a Copa do Mundo, não há grandes esperanças. O Brasil tem um time em formação, feito por bons jogadores (poucos deles excepcionais) e comandado por um treinador, como já defendi aqui neste blog, insuficiente para o tamanho do cargo que ocupa – seria o momento de um técnico estrangeiro.
A Seleção hoje parece menos candidata ao título mundial do que nas duas Copas anteriores, quando caiu para Bélgica e Croácia. O empate com a Venezuela reforça a frustração. Alguns anos atrás, lidaríamos com um fiasco, mas o adversário evoluiu no futebol nos últimos anos. Seria anacronismo pintar o jogo com cores de tragédia.
O Brasil fez uma partida razoável, e Vini Jr. teve bons momentos, especialmente no primeiro tempo, quando acertou a trave. No segundo, sofreu o pênalti que poderia ter definido o jogo, mas ele mesmo desperdiçou a cobrança – e o rebote. A partir dali, caiu de rendimento e reacendeu as dúvidas sobre sua presença na Seleção.
Vini Jr. não é imune a críticas e não tem salvo conduto. Se estiver mal, é justo que sua presença entre os titulares seja questionada. Mas me parece que o debate deságua em um ponto pragmático: temos bala na agulha para abrir mão do melhor jogador do mundo na última temporada? Podemos nos permitir o luxo de prescindir do atleta mais talentoso desta geração?
Eu acredito que não. Defendo que a Seleção deva insistir com Vini Jr. até o fim. Se ele não joga pelo Brasil aquilo que joga pelo Real Madrid (e essa é uma verdade inquestionável), a missão é melhorá-lo na equipe nacional, não abandoná-lo. Cabe ao treinador da Seleção, especialmente quando tiver tempo para estabelecer um sistema de jogo, entender essa discrepância e dar um jeito de amenizá-la.
Vini Jr. tem aquilo de que a Seleção carece: o casamento entre qualidade e poder de decisão – como provou ao dinamitar a fase eliminatória da última Champions League e guiar o Real Madrid ao título. Não temos, neste momento, alguém melhor em quem apostar. Foi-se o tempo em que debatíamos sobre Romário ou Ronaldo.
Para o Brasil ter chances de ganhar a Copa, algumas mudanças precisam acontecer: talvez Endrick estourar até lá, talvez Neymar voltar a ser um jogador de futebol (embora eu não aposte muito nisso). Mas a principal me parece estar aí: fazer de Vini Jr. a referência técnica que ele pode ser.