Bahia
Análise: Bahia de Ceni vira "time de uma nota só" e coloca até "G-7" em risco
“One-hit wonder” é uma expressão em inglês usada normalmente para apontar artistas que emplacaram apenas uma música de sucesso na carreira. É mais ou menos o que Rogério Ceni tem sido no Bahia em 2024. Um treinador de uma única canção, de uma única ideia. A tese foi reforçada na derrota por 3 a 2 para o Vasco, em São Januário, na noite da última segunda-feira.
É verdade que o modelo de jogo encontrado por Rogério Ceni foi responsável por colocar o Bahia entre os primeiros colocados em boa parte do Campeonato Brasileiro e ele tem muito mérito por isso. O Tricolor chegou a entrar em campo com chance de ser líder e terminou dez rodadas no G-4.
Mas também é verdade que a insistência do treinador nesta mesma única ideia durante toda a competição vai sendo um dos principais motivos para o afastamento do Tricolor das primeiras posições. Tanto que até a vaga em um possível G-7 (nem está confirmado ainda) está em risco para a equipe no Brasileiro.
Em alguns momentos a impressão era de que o time titular de Rogério Ceni seria capaz de fazer o Bahia sonhar alto. Mas já há algumas rodadas o recado é de que a escalação ideal do treinador atingiu seu teto na competição.
A exibição na noite da última segunda-feira, contra o Vasco, reforçou esse pensamento. Na verdade, escancarou de tal forma que fez Rogério Ceni abandonar o conservadorismo e mudar o time ainda no primeiro tempo. Everaldo e Jean Lucas foram substituídos por Ademir e Lucho Rodríguez aos 37 minutos, quando o Tricolor já perdia por três gols.
Depois de um início vexatório, a resposta dentro de campo não poderia ser mais clara. Em quatro minutos Ademir funcionou como opção pelo lado direito e cruzou para Lucho Rodríguez balançar as redes. Mesmo reserva, o uruguaio é quem mais marcou gols desde sua chegada ao clube: quatro.
Na volta para o segundo tempo, mais mudanças: Rafael Ratão e Acevedo entraram nos lugares de Caio Alexandre e Cauly. Na nova configuração, Thaciano foi recuado para o meio de campo ao lado de Everton Ribeiro, e o ataque passou a ser composto por Ademir (pela direita), Lucho (centralizado) e Ratão (pela esquerda).
O segundo tempo em São Januário foi um dos poucos momentos do campeonato em que se viu um Bahia diferente. O time abriu mão do controle de jogo a partir da posse de bola e partiu para a trocação em velocidade.
Apesar de ficar mais exposto e sofrer em alguns sustos, se lançar ao ataque rendeu um segundo gol ao Bahia. Everton Ribeiro deixou Thaciano na cara de Léo Jardim, que até defendeu a finalização do camisa 16, mas viu Ademir balançar as redes no rebote. Um gol e uma assistência para o atacante que começou no banco.
E o Bahia ainda esteve muito perto de empatar a partida, não fosse o incrível gol perdido por Rafael Ratão aos 47 minutos do segundo tempo. Uma "quase reação" que entra na conta das mudanças feitas por Rogério Ceni, mas que não esconde o fato de que o extrato bancário do treinador mostra culpa ainda maior pelo início constrangedor em São Januário.
Para além da exibição e da rodada sem pontuar, a derrota no confronto direto faz do Vasco um novo perseguidor do Bahia no Campeonato Brasileiro. A competição continua para o Tricolor na próxima terça-feira, quando os comandados de Rogério Ceni recebem o São Paulo na Casa de Apostas Arena Fonte Nova.
E por falar no treinador, seja por convicção ou não, é certo que na próxima rodada ele vai fazer pelo menos uma mudança no Bahia, já que Thaciano recebeu o terceiro cartão amarelo e cumpre suspensão na 32ª rodada do Campeonato Brasileiro.