Você já ouviu falar do Estado Bolivariano da Venezolívia? Esta micronação, que busca recriar os passos do conquistador Simón Bolívar, é uma ideia de Renato Al Mig, micronacionalista veterano, que se interessou pelo hobby pela extinta rede social Orkut, e que entrou no micronacionalismo em 2005. Nesta conversa, Renato fala sobre suas experiências micronacionais, além de defender o uso de uma plataforma comum para as micronações, dando duas sugestões para isso. Acompanhe a entrevista:
Estado Livre: Eu queria começar com dados iniciais. nome, idade (se quiser), micronação atual, há quanto tempo é micronacionalista, por quais micronações já passou
Renato Al Mig: Renato Al Mig; Idade micronacional 23/11/1970; me considero micronacionalista desde 2005. Minha micronação de origem e patriologia é o Estado Bolivariano de Venezolívia. Tenho cidadania em Guanabara e já fui cidadão de Terranova, e visitei Escorvânia e Piratini.
EL: O que te motivou a iniciar no micronacionalismo? Como surgiu o interesse pela vida micronacional e como conheceu o hobby?
RAM: Comecei com uma espécie de rascunho de micronacionalismo em comunidades no Orkut. Depois disso fui estudar mais sobre e daí comecei a me arriscar a querer formar um projeto para chamar de "meu". E em 2016 eu tentei criar minha primeira micronação mas ainda não estava tão seguro assim. E em 2017 até "criei" a Bósnia e Sérvia Montenegrina mas me alertaram que no micronacionalismo essas terras já encontravam-se ocupadas. Então para não correr o risco de ser acusado ou responder por crimes e/ou criar uma guerra desnecessária preferi abortar o plano. Após isso, migrei para a África e tentei criar uma na região de Madagascar, mas por lá também o território estava ocupado. E com isso fixei no continente latino-americano e caribenho, e com isso criei a maior micronação do continente talvez do mundo micronacional: O Estado Bolivariano de Venezolívia.
EL: A primeira experiência micronacional foi no no Orkut, isso?
RAM: Funcionava assim: tinha tipo uma ONU e daí você criava a comunidade de um país real e daí nessa outra comunidade espécie de ONU, você fazia sua política exterior etc.
EL: Teve alguém que te incentivou a entrar no micronacionalismo? Amigos, família, etc
RAM: Não, pois ninguém na minha família se interessa por geografia, filosofia, antropologia, história, sociologia e política como eu me interesso e além disso eu não tenho nenhum amigo em meu círculo real só na internet como o Adilson (Requião, presidente da Guanabara), você e a Fabiana (Costa, ministra da Cidadania e congressista da Guanabara), por exemplo. Não a toa entre os dois times que sou fanático um deles chama-se estrela solitária, assim como eu sou Botafogo do RJ e o Coritiba do PR.
EL: entendo, você tem alguma limitação social?
RAM: Eu não mas as pessoas é que não se achegam a mim mesmo eu sendo uma pessoa família, generosa e principalmente amiga, franca e leal como eu sou. Muitos preferem o artificial do real e verdadeiro. Desculpe deixar um pouco a modéstia de lado.
EL: Tranquilo, voltando ao micronacionalismo, sua primeira micronação oficial é Terranova, isso? Como chegou a lá, você teve algum cargo político ou em outro setor?
RAM: Sim lá tive cargos assim como tive em Guanabara.
EL: Quais foram? E atuou em outras áreas, como empresarial ou imprensa, por exemplo?
RAM: Em Terranova eu só fui uma espécie de prefeito. Já em Guanabara ocupei vários cargos de ministério e governo estadual. Além de empresário.
EL:Qual a sua preferência de área de atuação no micronacionalismo?
RAM: São várias as áreas que eu gosto no micronacionalismo: Defesa, Comércio e Políticas Exteriores, Desenvolvimento, Planejamento Estratégico, Etc
EL: Na sua opinião, o que o micronacionalismo precisa para ser um hobby mais popular?
RAM: Precisa estar mais acessível e haver por nossa parte e dos que fazem parte do riscado, a paciência, bem como entender, ajudar, divulgar e ter fundamentos mais claros e acolher os novatos sempre com carinho e da melhor forma possível para crescer e assim fazer com que mais as pessoas possam fazer parte do micronacionalismo principalmente as mulheres que são uma ínfima minoria.
EL: Você chegou a conhecer projetos anglófonos do micronacionalismo? Se sim, o que achas da maneira deles de praticar o hobby?
RAM: Não tive praticamente contato com a anglofonia nem sei se é o termo mais adequado. Mas o que vejo com bons olhos são os projetos que deixam de ser modelistas como a lusofonia e adotam o projeto derivatista
EL: Fale-me mais sobre isso. Existe uma corrente de alguns micronacionalistas brasileiros que não consideram micronações modelistas como parte do micronacionalismo. O que você acha disso?
RAM: Se tem correntes eu não sei mas a opinião de minha parte, é que no caso as micronações derivatistas procuram um meio de como ser um "país" no caso real decretando tipo sua casa ou um pequeno território como um "quarto" ou "quintal" como um micropaís e estabelecer realmente alguma funcionalidade maior como organicidade política e também solidificar o micronacionalismo de forma mais enraizada. No que eu sou entusiasta totalmente dos dois movimentos, modelista e derivatista, além da lusofonia, hispanofonia e principalmente no que tange à categorização latina, andina e caribenha do que chamo (meu continente favorito).
EL: Você é fã das micronações em espanhol? Tem diferenças muito gritantes para a lusófonas?
RAM: Sou fã pela história de alguns dos países que muito amo como Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela.Talvez a diferença mais gritante ao meu ver é em questão por serem micros menores, bem como também que eles preferem regiões mais aproximadas de onde vivem.
EL: Você é defensor do uso de plataformas como o Amino e o Discord para criar micronações. quais as funcionalidades mais interessantes para o uso pelo micronacionalismo e o que achas dos modelos de web-país e do RP (Role Play) usados nessas plataformas?
RAM: Eu gostaria na verdade que tivesse uma só rede que concentrasse todas as micronações, como um aplicativo por exemplo, para acabar com essa bagunça de diversas redes, mas entre as atuais o discord e o amino são sem dúvidas as melhores. Já os RPG's eu acho que no frigir dos ovos é tudo uma patacoada que não leva ninguém a resultados expressivos. Ademais, aponto que como um fórum experienciado por Guanabara, seria algo também válido pois em nosso caso Venezoliviano, se eu soubesse criar um fórum assim da mesma forma para armazenar e também criar toda a estruturação de Venezolívia.
texto escrito por mim para o jornal digital Estado Livre, do qual fui sócio. publicado em 17/08/2021