"Quem não se aprofundar no assunto, terá muito a perder", afirma Claudio Cifali, consultor, empresário contábil e sócio da Cifali-BPO. Do alto dos seus mais de 35 anos de experiência na execução e gestão de projetos de Business Process Outsourcing (BPO) em grandes projetos e multinacionais, ele vê no blockchain "uma plataforma revolucionária e inviolável, que vai transformar a economia global. Uma cadeia de dados descentralizada e segura. E contabilidade será uma das primeiras a sentir este movimento."
O blockchain nasceu ligado à bitcoin, lembra Cifali, mas, apesar da associação direta, esse tipo de base de dados, vai muito além das criptomoedas.
Para contabilidade, os benefícios são tão significativos que vão afetar (para melhor, garante ele) a rotina tributária das pessoas físicas e jurídicas. O Livro Razão -- modelo obrigatório, porém ultrapassado, de aferição contábil das empresas -- foi atropelado pelo blockchain, que funciona, também, como um livro contábil, graças ao registro de todas as transações. As informações armazenadas no sistema, criado em cima da tecnologia P2P, são resistentes a alterações e não podem ser modificadas retroativamente, ou seja, os registros são à prova de adulteração. Desta forma, o sistema coibirá fraudes e sonegações.
"Essa tecnologia é um caminho para os contadores, quase que uma tendência – apesar de ainda pouco fomentada", avalia Cifali. Ele tem razão: de acordo com pesquisa da Thomson Reuters, apenas 4% dos entrevistados selecionaram 'blockchain' como um modelo de grande impacto em seus negócios em 25 anos.
Mas isso pode lhes custar caro. Com a otimização dos processos, muitos profissionais vão perder espaço, inclusive na área de contábil. "A cada 10 funcionários, oito fazem os registros. Se essas informações vierem prontas com a implementação do blockchain, não vai ter mais papel para esses profissionais. Ou eles se reinventam ou vão perder funcionalidade", pondera Claudio Cifali.